Zeca de Magalhães está abraçado à sua filha pequena, na época, Maíra Castanheiro! |
AO SAMARAL
(Zeca de Magalhães)
Ele tinha no rosto
um gesto assim peculiar
Ele tinha no gesto
um gosto ímpar
uma vontade espúria
talvez,
um negro sofrimento
Falecido em 2007, Zeca de Magalhães foi um dos grandes amigos do poeta Samaral. Ambos infernizavam o Rio de Janeiro com seus poemas ácidos! |
Em verdade,
ele nada tinha
e celebrava confuso
um passo torpe
de trôpegas amarguras
Ele era um homem comum,
desses
que não mais se encontravam
em qualquer lugar
E era tão comum
que passava desapercebido
fosse qual fosse seu andar
Ele era um homem moderno
e foi tão conservador
que adivinhava o futuro
do que nunca aconteceria
Emfim, ele era
um homem
assim tão igual
que como veio, se foi
sem nenhum motivo aparente
num desses dias,
numa hora qualquer,
como vai qualquer um.
Página 15 da revista urbana 15 anos, uma edição comemorativa lançada postumamente, em 2001, no Museu da República,no catete - RJ,homenagem a Samaral.