quarta-feira, 11 de julho de 2012

Duas Viagens no Tempo SAMARAL - Post Inaugural!

Zeca de Magalhães está abraçado à sua filha pequena,
na época, Maíra Castanheiro!
Dois momentos incríveis da vida do poeta Samaral são o post inaugural deste blog que, espero, tenha longa vida para saudar o legado do último poeta maldito. Samaral, um poeta de rara expressão, que habitou as vielas escuras do Rio de Janeiro, costumava fazer os eventos do urbana, um Fanzine que publicava uma boa safra de poetas de todo o Brasil e dava o serviço completo do panorama da poesia carioca nos anos 80/90.

AO SAMARAL
(Zeca de Magalhães)

Ele tinha no rosto
um gesto assim peculiar

Ele tinha no gesto
um gosto ímpar
uma vontade espúria
talvez,
um negro sofrimento



Falecido em 2007, Zeca de Magalhães foi um dos grandes
amigos do poeta Samaral. Ambos infernizavam o Rio de Janeiro
com seus poemas ácidos!

Em verdade,
ele nada tinha
e celebrava confuso
um passo torpe
de trôpegas amarguras

Ele era um homem comum,
desses
que não mais se encontravam
em qualquer lugar

E  era tão comum
que passava desapercebido
fosse qual fosse seu andar

Ele era um homem moderno
e foi tão conservador
que adivinhava o futuro
do que nunca aconteceria

Emfim, ele era
um homem
assim tão igual
que como veio, se foi
sem nenhum motivo aparente

num desses dias,
numa hora qualquer,
como vai qualquer um.

Página 15 da revista urbana 15 anos, uma edição comemorativa lançada postumamente, em 2001, no Museu da República,no catete - RJ,homenagem a Samaral.

2 comentários:

  1. Jiddu!!!!!!!! Que bela homenagem!!!!!!
    Obrigada pelo carinho.

    Não pode ter palavras mais adequadas para descrever meu irmão, do que esta poesia do Zeca de Magalhães, eu leio e vejo ele na minha frente.

    " Ele era um homem comum
    desses
    que não mais se encontram
    em qualquer lugar"

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  2. Na noite que Samaral morreu, quando voltávamos para casa, da janela do carro, eu ví meu irmão " flanando" no alto, com sua bermuda e chinelo de dedo (de sempre), ele nos acompanhou até em casa e sorria pra mim. Durante alguns dias eu olhava e lá estava ele sorrindo.
    Depois, como disse o Zeca Magalhães:

    ..."que como veio, se foi sem nenhum motivo aparente
    num desses dias,
    numa hora qualquer
    como qualquer um"

    Carmen Sodré

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