Zeca de Magalhães está abraçado à sua filha pequena, na época, Maíra Castanheiro! |
AO SAMARAL
(Zeca de Magalhães)
Ele tinha no rosto
um gesto assim peculiar
Ele tinha no gesto
um gosto ímpar
uma vontade espúria
talvez,
um negro sofrimento
Falecido em 2007, Zeca de Magalhães foi um dos grandes amigos do poeta Samaral. Ambos infernizavam o Rio de Janeiro com seus poemas ácidos! |
Em verdade,
ele nada tinha
e celebrava confuso
um passo torpe
de trôpegas amarguras
Ele era um homem comum,
desses
que não mais se encontravam
em qualquer lugar
E era tão comum
que passava desapercebido
fosse qual fosse seu andar
Ele era um homem moderno
e foi tão conservador
que adivinhava o futuro
do que nunca aconteceria
Emfim, ele era
um homem
assim tão igual
que como veio, se foi
sem nenhum motivo aparente
num desses dias,
numa hora qualquer,
como vai qualquer um.
Página 15 da revista urbana 15 anos, uma edição comemorativa lançada postumamente, em 2001, no Museu da República,no catete - RJ,homenagem a Samaral.
Jiddu!!!!!!!! Que bela homenagem!!!!!!
ResponderExcluirObrigada pelo carinho.
Não pode ter palavras mais adequadas para descrever meu irmão, do que esta poesia do Zeca de Magalhães, eu leio e vejo ele na minha frente.
" Ele era um homem comum
desses
que não mais se encontram
em qualquer lugar"
Na noite que Samaral morreu, quando voltávamos para casa, da janela do carro, eu ví meu irmão " flanando" no alto, com sua bermuda e chinelo de dedo (de sempre), ele nos acompanhou até em casa e sorria pra mim. Durante alguns dias eu olhava e lá estava ele sorrindo.
ResponderExcluirDepois, como disse o Zeca Magalhães:
..."que como veio, se foi sem nenhum motivo aparente
num desses dias,
numa hora qualquer
como qualquer um"
Carmen Sodré